segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Por amor



Estou entre eles
por amor
Atada e afetada
pelos seus lados
sombrios 
Eles espalham dor
muita dor
A dor que nAo
lhes serve
Eu
feito lixeiro
compelido a recolher
tudo para mim
por amor
coleciono as dores
propagadas
NAo querem
mais nada de mim
sou apenas
o catador dos
dejetos emocionais
E por amor
estou a enlouquecer
no lugar deles.

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

instável

Alexsander Bangly

Estou esporádica
de vontades
e efêmera de ensejos
Ando provisória em mim
e toda supérflua de si
Sentenciada a viver
detestáveis silêncios
ocos e incondicionais
Estou quase
alguma coisa
que ainda
não defini...

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Sobressalto



Alguma truculência
é necessária
para chacoalhar
meu coração
e achincalhar
de vez com
minha alma
tão emotiva.
Qualquer turbulência
ficou imprescindível
para que eu (re)viva...

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

...

imagem do google


Eu tenho uma
dessas almas penadas
que vivem
em compasso de espera
em estado de aguardo
no anseio do milagre
do dia sagrado
sou alma  de santuário
abarrotada de
expectativas e orações
que desatina
procrastina e sonha
espera
mas não sabe o que
espera...

terça-feira, 20 de agosto de 2013



Vacilo exausta
pela vastidão
de intempéries
sem tréguas
São tantas
(as intempéries)
Extenuada
sigo erma
de sonhos
Desencantada
Tanto
que até meu canto
que era amparo
silenciou.
Tornei-me
pausa.

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Exercício



Tenho me apoucado
por esses tempos
Pondo-me de lado
adestrando a pequenez
Permitindo-me
vislumbrar a submissão
e tentando perfilhar
a humildade
Ando me encolhendo
não por medo
nem por cena
nem um tico
de rancor
É só anseio de me afogar
no nada
de onde tudo procede
Até o imensurável
Amor

domingo, 28 de julho de 2013

Indubitável

Imagem do google

Impertinentes todos
os poetas
que se apoderam dos
vocábulos absortos
Compondo versos
sem arranjo
ou reverência
Têm preferência
pelos verbos distraídos
Às vezes tão arrogantes
Apaixonados
e apaixonantes
Sempre de tocaia
tentando abocanhar
palavras entretidas
que na língua
vivem dependuradas
por uma linha

imaginária.

domingo, 2 de junho de 2013

Vazio

Mimma de Salvo

Ando à caça
da poesia
por esses dias frios
dia após dia
Às vezes 
à noite
horas
no escuro
perscruto
e nada
nem uma palavra
Fugiu de mim
essa fada
e fiquei oca

de vida...

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Cautela



Ando a exercitar a solidão
por pura precaução
e que não paire
compasso de dúvida
de que todas as canções
terminarão em solo.

terça-feira, 9 de abril de 2013

Deserta

Imagem do google

Seca e árida
inabitável
Sou poeira
estéril
Areia quente
Nada vive
cá por perto
Decerto
tornei-me um deserto...

domingo, 10 de fevereiro de 2013

Imagem do google


Espectro de solidão
Sou molambo invisível
Saltimbanco fantasma
Maltrapido de emoções
Polichinelo confuso
e dissimulado
Que não gosta
mais de entreter
nem de viver
.

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

A [s] sombra

Imagem do google



Tenho para mim
que minha sombra,
aquele espectro escuro
que me acompanha,
soçobra além de mim
e permanece acoplada
feito presença inversa
externada do meu eu
Maior é seu negrume
tanto a vida é iluminada
Mas quando na escuridão
a solidão me consome,
quanto mais careço
da sua presença,
ela some...

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Imagem do google



Apascenta-me
de calma
e serena a ira
dessa solidão
esfomeada
Presenteia-me
com calenturas
e promessas
Brinda-me
com caridosos
ensejos
Que já ando eu 
tão apodrentada
de vazios
Que nem flor
nem espinho
nem nada...
.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

em tudo


imagem do google



Há poesia em tudo
no mundo
Há poesia na calada
da noite
No vão do dia
Há poesia em Deus
e no diabo
Do halo ao rabo
Há poesia no ralo
No fedor
e na fragrância
No bolor
Há poesia no sabor
No afeto
e no desamor
Na opulência
Na falência
Na inadimplência
Na fraudulência
Há poesia
no horror
No medo
Na miséria
e na fome
no despudor
Na ganância
do homem
No riso
na loucura
e no juízo
Na desmesura
e na feiura
Há poesia na beleza
Na decência
no decoro
no choro
Nos vírus e bactérias
Nos encantos
da matéria
Há poesia no imoral
e na nobreza imortal
ah poesia...