sábado, 14 de julho de 2012

eu por mim

By Louise Robinson



Por isso não faço laço, não crio vínculos nem ando em turma.
Porque eu preciso aprender a caminhar sozinha e não é preciso agradar ninguém pelo temor em desagradar outrem.
Só não quero que esperem nada de mim, porque pouco tenho a oferecer que eu já não tenha dado, e o que mais tenho, se transforma a toda hora.
Não anseio mais adular, mas também não tenho muita certeza dessa afirmação. É meu estado de ser que se altera e isso desagrada pessoas que tendem a esperar de mim uma posição estável e inalterada, como se imutável fosse o universo.
Às vezes ando a passos de gigante e outras vezes, eu sou amiga de pequenas minhocas e enterro-me fundo nos labirintos sombrios.
Na maioria das vezes sou passarinho ou borboleta, mas nem isso eu sou a toda hora.
Esperam que eu seja unívoca, inequívoca e ovípara? Perdem tempo...
Sou a esquisita que não escolhe um lado e nunca faz parte, mas dissimula ser parcela de todas as coisas. Cá do meu lado, me sinto muito só, mas eu não me estranho mais.  
Tem a minha estrada, muitos lados: O lado que bate sol, o da sombra, o de ida e o de volta, o de baixo e o de cima e ainda assim escapo sempre que me distraio. Busco atalhos, picadas... Caço outros rumos e por vezes encontro e me deleito, mas volto quando consigo.
Que não ousem me traçar um rumo, em me pôr cancelas. Ignorar-me é o melhor.
Eu inexisto nas “rodas”, pois giro no meu próprio ritmo e ninguém vai me deter. Até tentam, mas maleável que sou, finjo que vou, mas não vou e volto novamente ao meu próprio principio e reinicio no meu compasso.
Tropeço.
Tropeço a todo o momento. Blasfemo e erro muito, mas até os erros são apenas meus. Sou eu sozinha que os cometo. Inequívoco, só Deus.
Eu sou só uma pretensa e simplória poeta do óbvio, cujo tema predileto é falar de si mesma, sendo que sou meu único assunto. O único que bem conheço. Sou meu livro particular, escrito por fatos reais e lembranças pessoais. Sou o que presenciei e vivi e assim, escreverei sobre mim até me extinguir.
É isso que eu quero: Extinguir-me.
Ou seria diluir-me?
Talvez, a palavra que busco seja “difundir” até me fundir com tudo e todos. Até não haver mais motivos para coações, até não haver mais correnteza para se nadar contra, sendo bem provável que esta atualmente só exista na minha imaginação egocêntrica.
Ah sim! Esqueci-me de contar!
Eu vivo me perdendo também. De mim e de todos. Tenho esquecimentos e me alheio da realidade quando essa se torna insustentável.
Penso eu que deve ser fuga essa distração - que até que é coisa boa - pois me resguarda e ganho tempo de cicatrizar minhas feridas quando a lesão é grande. Feridas que eu mesma faço.
Firo-me com caneta afiada quando escrevo, com o pensamento atilado quando me culpo e com o coração abestalhado que trago no peito e que se melindra a todo o momento por qualquer coisa.
Não escolhi tal coração, ele nasceu grudado, anexado a mim assim como nasceram minha melancolia e meus olhos.
Então mesmo que não exista quem me leia, quem me enxergue ou compreenda, eu continuo minha caminhada em busca de nada e falando de mim.
E lá vou eu imprecisa e ambígua.
Um equívoco se escrevendo.

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Abreviando


Imagem do google

Faltou o beijo que não
foi dado
Restou um amplexo
entorpecido
A instantes do desastre
consumado
De um amor jamais 
admitido
E pela prudência
atalhado
Fica assim o enredo
resumido:
"Cada qual foi para o
seu lado".

@Rossana Masiero