quinta-feira, 29 de abril de 2010

compreensão

imagem do google

Entendi
finalmente
“Eternamente”
é palavra eterna
só na mente
Somente
é terna
Mas
mente...


*

segunda-feira, 26 de abril de 2010

 Danilo Di Prete óleo sobre tela

Ai, menina
que nem sou mais

Me fundo
Inundo-me de comiseração

Desfigurada
Deflagrada minha guerra
temporal
subitamente impessoal

Exausta poetizo
Estou desaparecida

Não me vêem mais por aí
Nem as minhas rendas
ou meu decote...

Não trago mais sorrisos de seduzir
Acanho-me de envelhecer

Já não como nem bebo
qualquer coisa
Não desperdiço
gargalhadas e línguas

E linguagem...

Beijos
ainda quero

Mas sumi ensimesmada
Eu dispersei
Dilui...

Tenho quase certeza
que quando te encontrar

É em você que eu
estou.


Como numa canção

A menina perDEU-Se de SI?
Em breve, sem
um REvival FA
no reencontro
com o SOL que há de iluMIná-la...

TonhOliveira
http://6vqcoisa.blogspot.com/

quinta-feira, 22 de abril de 2010

A rainha de mim

imagem do google
         
          A poesia fez colméia em mim desde que eu era garotinha e através de pequenas “operárias”, reproduziu-se em minha anatomia emocional um enxame de regalias para a abelha rainha dos versos.
          Menina ainda, já brincava de versejar, rimar e fazer jogos emotivos com palavras. Era assim que tomava conta da rainha solitária e silenciosa que habitava dentro de mim: Poesia.
          A “eu menininha”, então, foi crescendo e escrevendo. Escrevia para mim e pela soberana, que reinava absoluta em meu castelo inabalável.
          Até que outra nobre aristocrata das artes, começou a cercar sutilmente meu castelo, com suas tropas sedutoras de melodia e ritmos, flertando com a solitária poesia de mim, tentando sorver seus versos... Música...
          Eu gostei dela, assim logo de cara. Minha poesia também se encantou. Mas a música, sempre foi cheia de inesperadas exigências e disciplina. Necessitava sempre de intensa e quase exclusiva dedicação e nunca fui de me dedicar muito. Nunca fui bom súdito. Apenas apaixonei-me por seus acordes e por um tempo permiti que ela namorasse seriamente com a poesia habitante de mim.
          Compus canções, cantei, ganhei festivais, gravei algumas crias desse caso de amor, ensaiei pequenos sucessos.
          Confesso que a música conseguiu espaço em mim sem grandes combates, utilizando-se do encanto das melodias, da harmonia, do ritmo e mais, valendo-se da minha vaidade, que não me orgulho.
         A poesia é um evento solitário sem grande estardalhaço. É um exercício pessoal e sagrado. Quase sem aplausos.
          Já a música, alicia e atrai não só por si, mas também pelo glamour que carrega consigo, pois que vem sempre acompanhada de celebração. Foi talvez por isso que comecei a cantar canções de outros e joguei na gaveta meus versos que amarelaram.
          A abelha rainha extinguiu-se e não se encontrou na colméia, outra larva forte o bastante para substituí-la. As operárias desertaram de mim e eu, enfeitiçada pela música, me deixei sair pelo mundo, cantando versos que não eram meus.
          De qualquer forma, não me devotei como devia à música, nem corri atrás do sucesso. Foi um namoro sem casamento, sem compromisso, que terminou sem mágoas.
          Já não sinto falta de cantar ininterruptamente, como sentia antes. Versos e canções de outros, já não me basta. Já não sinto precisão da música namorando a poesia.
          Além do que, a linguagem da música é universal. A melodia que comove aqui, comove em qualquer lugar do mundo, sem precisar de traduções.
          Compreendi que poesia e música existem independentemente uma da outra.
          Podem ser felizes, uma sem a outra, e até se encontrarem de vez em quando.  
          Podem ser amigas.
          Voltei então, atrás de mim mesma, tentando desengavetar minhas palavras. Busquei os escritos antigos, que apesar de magoados, foram delicadamente permitindo-me ensaiar versos novamente.
          As dificuldades de voltar para casa, me ensinaram que rainhas perecem, mas a essência da nobreza permanece assim como o cheiro e o sabor do mel.
          Não haverá rei posto por aqui. Resistirá a dinastia dos versos.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

desconheço o autor da imagem

Desabilito-me do atributo vão
de escrever poemas
O cansaço me desconserta
Tão patética...
Tenho exaurido-me nessa busca
incessante de lirismo
E nessa peleja sem alternativas
quando olho para trás
engulho-me com meus rastros
Meu estômago revira
A cabeça gira
Não quero pernas que não andam
nem olhos que não vêem
nem escudos frágeis
ou canetas sem garras
Não me protejo mais de mim
Não lhes protejo mais de mim
Desengaveto minhas imperfeições
Prefiro menoscabar-me
e assim expor de vez o pior
para não haver enganos
do que sou feita.



Pescaria

Hoje eu sentei no barranco da vida.
Minhas águas corriam lentamente
enquanto a sombra da lua
me refletia futuros incertos.


Fiquei a cevar sentimentos.
Numa noite, lançava dores trituradas e
noutra, farinhas de uma velha paixão.
Vez em quando,um resto
de alegriazinha nostálgica.


É que quando se tem paciência
já não se precisa mais dela.
E eles estavam famintos.
Um ou outro beliscava memórias.
Amaioria abocanhava ilusões.


Acostumados com meus resquícios,
lancei-lhes todo o timbó que me envolvia.
Pouco a pouco começarama boiar.
Era só o começo da pescaria.

Fouad Talal me dedicou esse lindo poema e eu fiquei muito mais colorida.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

hai kai oco



Hoje acordei despoemada
Deserta de inspiração
Amanheci vazia de palavras

Rossana Masiero

domingo, 11 de abril de 2010

Reciclagem

http//www.6vqcoisa,blogspot.com

A Arte de TonhOliveira dispensa comentários, mas meu coração teimou em fazer a própria viagem por essa imagem. Sendo assim,  nasceu este poema cujo DNA é metade do Tonho.

Habita em mim uma fonte
Que brota de não sei onde
e circula-me continuamente
Goteja e repõe-se em si mesma
o ato sagrado de fluir
e ao nutrir-se
inunda-me
Faz o findável de mim
tornar-se alma perene
Manancial eterno
Sem começo
Sem meio
E sem fim...

Rossana Masiero

quinta-feira, 8 de abril de 2010

preguiça

imagem do google

Vou atrás da alegria, ora essa!
Vou voar atrás das borboletas
Vou sem rumo e sem prumo
Vou andar de bicicleta!
Já nem é mais verão
Mas decido que o tempo
deve ser de festa


Pneu furado
mas que desatino
Longo quando eu decidi
Transformar meu destino
E tentar ser destemida
Peça malévola do destino
Bem na hora em que decidi
mudar de vida


Talvez eu ignore a chuva
(Eu não contei?)
Começou a chover
Talvez despreze o contratempo
e tal Don Lockwood
eu possa seguir a pé
Sapateando em poças
Cantando Singin 'in the Rain

Mas a preguiça
já fez a metástase em mim
De carro já perdeu a graça
Já não insisto, desisto
Vou mesmo ficar em casa
E olhar céu azul pela tevê
Imaginar como teria sido
se eu tivesse mesmo querido
brincar de ser feliz.

sábado, 3 de abril de 2010



Sou eu
micro fragmento
desencorpado
incorpóreo
fractal
Ínfima lasca
A poeira do caco
Menor que o átomo
Eu
Passado
Passada
O nó desfeito no tempo
Onde o vento
fez a curva.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Dia da Mentira - Hai Kais

imagem do google
         
            I
Diga-me a mentira gentil
Que me ama louca e eternamente
Hoje é primeiro de abril!
         
          II
Escute agora, meu bem
Eu não sou a mais bonita?
Não precisa olhar pra ninguém
         
         III
Apesar do gosto de fel
Anseio por um tanto de doce
Do seu descaso fiel