domingo, 29 de março de 2009

Onde eu estava?

Sou uma pessoa com algumas aptidões. 
Até aí, nada de novo. Quem não é? Que mulher não é? 
Mas essas várias aptidões ou atribuições, como queiram, não são elas sempre conviventes e quiçá coniventes. Algumas tentam sabotar outras... 
Meus amigos, benevolentes, chamam isso de "múltiplos talentos", o que a modéstia não me permite aceitar e a consciência não me permite afiançar... 
Formada em arquitetura com especialização em urbanismo, já fui atriz por amar o teatro e sou cantora por amar cantar, "porque o instante existe..." 
O "escrever" não é escolha. É compulsão incontrolável! 
Reflito sobre esse tema, esse problema, esse dilema... 
Eu adoro uma rima pobre. 
Especulo se essa "multiplicidade" na verdade, não dilui todos esses aspectos, esses "talentos" considerando que ainda não enumerei o exercício nada fácil de ser mãe, esposa, dona de casa e funcionária pública. 
No meu tempo livre eu choro e ainda sobra tempo, eventualmente, de me depilar e fazer as unhas, essas coisas de mulherzinha, que afinal ninguém é de ferro... 
Tudo assim, misturado num balaio, surjo eu meio confusa, difusa. Multiplicada pelas vontades e dividida pelas atividades. 
Sinto-me às vezes no olho do furacão, girando e depois arremessada a um parque de diversões como um coelhinho assustado tendo que escolher em qual casinha esconder-se da gritaria das crianças ensandecidas pela alegria e expectativa. 
Na verdade, não sou um coelho! Não sou nenhum bicho bonzinho. 
Por vezes penso que sou mesmo uma fera. 
Uma fera calma, é verdade, quando bem "alimentada". Uma fera domesticada, mantida num cativeiro mais ou menos amoroso... Uma fera feliz... 
Costumo divagar em meus escritos tanto quanto em meus pensamentos, passeando por temas diversos... 
Sou deficiente em focar. 
Tenho uma cabeça feminina onde assuntos bailam e pululam com a desenvoltura e leveza da Primeira bailarina. Devaneio entre lembrar-me de comprar a ração do cachorro e o Império Bizantino, que tenho que explicar à minha filha para a prova de História. Vou do "pet shop" à Constantinopla - atual Istambul - em segundos; e durante esses parcos segundos, uma canção não me sai da cabeça, e um verso que não quero "poetar" segue-me se repetindo no coração dos meus ouvidos. 
Lembro-me de repente, que hoje é o dia da coleta de lixo reciclável, tenho que fazer a minha parte pelo planeta. Caramba! Esqueci novamente de levar as pilhas e baterias usadas para o depósito. 
Vem-me à cabeça, sei lá porque, o "kamikaze" que depois de bater na esposa com um extintor de incêndio, roubou um avião e se lançou com este, levando a filhinha, sobre um "Shopping Center". 
Sinto o medo da criança... 
Sinto medo pelas crianças... 
Sinto medo das pessoas, mas não tenho muito tempo para isso... 
Queria logo chegar em casa para escrever o poema que quer nascer a todo custo. 
Se demorar demais, ele vai desistir de mim, volúveis e voláteis como os poemas costumam ser... Vai se dispersar no ar e se esquecer de mim e será mais um poema perdido entre tantos que me escapolem todos os dias. E um poema perdido é um poema perdido... 
Do que era mesmo que eu estava falando? Releio do começo... Ah sim, da pluralidade de aptidões. 
Intuo que com a variedade de formas com que busco me expressar, duvido fazer bem qualquer uma delas, exatamente por enxergar muitos caminhos e vagar perdida ora por um, ora por outro. Isso me lembra que preciso urgente trocar os pneus do meu carro, e tenho que refazer o parecer técnico de um processo em que estou trabalhando e ainda escolher um novo repertório para um evento. 
Preciso que aprender a fazer listas em vez de poemas

quinta-feira, 26 de março de 2009

Que mais?

Sei que ultrapasso limites
Violento a ética
 Ofendo princípios
Arrombo os cofres
Exponho segredos
Surrupio senhas
Eu quebro regras
Na estética das palavras
Na decência dos atos
Invado privacidade
Esqueço preliminares
Ignoro a delicadeza
Que mais mereço
a não ser a prisão perpétua
da solidão?

terça-feira, 24 de março de 2009

Depende...


Nunca sou
Sempre estou
E meu "estar"
depende do instante...
Posso ser líquida o bastante
 e fluir tépida
e aconchegante
Ou ser gasosa
aparentemente insípida
 e envenenar o ar
dissimuladamente
Mas posso ser sólida
gigante
E me prostrar de frente
como um muro
Uma parede enorme
e ignorante!

domingo, 22 de março de 2009

minha casa

Que minha
casa seja
recanto
um antro
de encantos
Um centro
Um canto
de cantos
Um ponto
de encontro
de amigos
fiéis...

sábado, 21 de março de 2009

ÓPIO

Confesso-me desavergonhada, viciada em você
Luto a batalha dos corrompidos e desabonados
O combate dos abandonados
Dos que já estão irremediavelmente perdidos...
Meus dias e noites são ruins

A síndrome da abstinência tem sintomas dolorosos
Suas palavras são o meu ópio
Sua prosa, a "droga" que me deleita
Dependente, quero mais, sempre mais e ainda mais!

Necessito da euforia do prazer de ler-lhe
e do sono onírico que vem depois desse prazer
Quero o sentir o gozo nos seus versos
Careço urgente do anestésico especial
de seus poemas
para a dor insuportável de viver

Sei que o vício me conduz ao inferno
que é onde habita o desejo
E como eu desejo...
Nada mais me importa, é a verdade...
Tamanha a força dessa vontade
A necessidade é química, física,
é feral...

Sórdido é o que faço para obter
só um pouquinho mais de você...
Só mais uma dose...
Mais uma vez...

Quero fumar-lhe, mascar-lhe,
cheirar-lhe, injetar-lhe dentro de mim
Quero drogar-me até o infinito de palavras suas
Quero chegar ao fim do fundo do poço de mim
Na dor, no cerne, na carne
No âmago da alma e ainda mais se mais houver

Quero a "overdose" de um poema de amor letal
Porque o fim que tenho agora não termina
E fim que não termina não mata e não cura
É visceral tortura na inconsciência cerebral

sexta-feira, 20 de março de 2009

POEMA DOENTE

infinitamente poema
infinitaema poente
definitivamente infinito
infinitamente indefinido
indefinidamente poema
defini-te:
poema doente.

quinta-feira, 19 de março de 2009

Às filhas

Eu li um texto insuperável num blog maravilhoso, chamado "linhas ao vento". Não há como ignorar o que lá estava, quão tocante se fez dentro de mim. A autora, diga-se de passagem, primorosa em sua técnica de escrita, é dona de uma percepção feminina e humana tão fantástica, que seus escritos chegam a ter cheiro, sabor, textura, sons, música e poesia, muita poesia... Conheço poucos que envolvem assim. Descobri ou fui descoberta por ela, não sei ao certo, por um desses acasos que a surpreendente existência nos presenteia. Como gostaria de escrever assim. Glória. Outro nome não poderia. O texto, uma crônica, era sobre a perda precoce da filha, o que foi delineado tão delicadamente, um filigrana, que quase me diluí com um tanto de dor e outro tanto de amor. Emoções que a primeira vista podem parecer piegas, mas não... Não... Nada havia de pequeno no que ela escreveu e no que senti. Misturei meus sentimentos de ser mãe de uma menina com os sentimentos da mãe que perdeu a possibilidade de viver com a sua. Doeu as duas coisas. Parece que nas mulheres o simples estar viva dói... Me fez pensar. Especulei que me embeveço pouco com minha menina, que ando ausente e brincamos muito pouco com as bonequinhas de pano e os bebês de plástico. Quase não fizemos comidinhas e tomamos tão poucos cafés de mentirinha. Vestimos poucas fantasias de princesas. Fantoche sou eu no dia-a-dia, deixando-me manipular pela rotina voraz, esquecendo-me de olhar de perto minha menina, que está sempre comigo mas nem sempre estou com ela. Viajando no meu próprio turbilhão mental, nos confusos exercícios de aprender a viver, desapercebi a criaturinha crescendo. Hoje em dia chora muito... Pré adolescência... Os seios dando sinais de que o mundo já não é mais um parquinho, e o corpo já não é de criança... Como feito nascer de novo,de outro ovo. Feito nascer de novo uma outra pessoa. Brinquei de menos com a menininha, e a mocinha que desabrocha, não quer mais brincar comigo. Foi você, minha pequena, quem de nós duas fez casinhas de papelão, encheu de bonequinhas de papel, para brincar comigo de família. Eu quase nunca encontrava tempo. Dispensou as casas coloridas e caras e as bonecas com cílios e cabelos longos que eu lhe comprava, pra ficar horas recortando caixas de sapatos para criar seu universo de papel... Ler o texto sangrado da Glória me fez repensar na sagrada relíquia, o precioso tempo que ainda temos, entre suas lágrimas hormonais, tendo um pé em suas sapatilhas de princesa e outro pé no salto alto. Menininha mulher, metade boneca, metade feroz, não faço certeza de dar conta do que fora do meu controle se encontra, mas me aponta um caminho. Teço ainda um pouco de você como uma teia, mas falta costurar em mim sua alminha solta de renda. Farei isso com apenas um fio, pois não te quero presa, apenas protegida. Eu só te quero viva e caminhando ao meu lado. Quero eu caminhar ao seu e agradecer ao Universo por ter vingado.

terça-feira, 17 de março de 2009

agora

Agora me sinto inútil me sinto inerte
Mais do que tudo eu me sinto infame
Sou o demônio a tentação do santo
Sou o pecado que se faz presente
Eu sou a droga que corrompe o fraco
Meia verdade torpe que influencia
Eu sou maligna
Indigna e impura
Sou como a decadente noite que alicia...
Sou ato falho
Aço frio lâmina
Usei e abusei da poesia
Sem dó nem piedade cortei almas
Miseravelmente noite e dia...
Agora sou eterna amaldiçoada
com a "infinitude" do problema
Equacionei errado as palavras
Inflacionei mentiras
Maculei o poema

Anjos, poemas e borboletas


Ora vejam, que apalermada!
Escapuliu-me um poema...
Deixei que batesse asas
como uma borboletinha
Borboletas são como anjos
E anjos são poesia
Estão aqui em algum lugar
Anjos são rarefeitos
Raros e perfeitos
como idéias e palavras
Luminescência sutil
difícil de enxergar

Mas voam...
Voam mas...
Voltam...

E quando enfim retornarem
estarei bem mais esperta
Capturarei sem alanhar
borboletas e poesias no céu
feito criança a brincar
Transcenderei e transformarei poemas
em anjos de papel...

segunda-feira, 16 de março de 2009

POETA, O ESTRIPADOR...

Jamais permita que um poeta
escreva um poema em tua barriga
Serás grávida eternamente
de um filho que não parirás
 Estarás gravemente ferida
de uma dor que não curará
Podes lavar, quanto quiser
Ah! Podes tentar até cortar
mas não farás desaparecer
não terás como olvidar
Poetas são tatuadores
que desenham as próprias dores
rasgando almas desavisadas...
Usam uma tinta invisível
Indelével e indestrutível
que doerá todos os dias
Há que sentires a agonia
de ser todo dia esfaqueada
Poetas são impiedosos
Criminosos por instinto
Escravos de seus escritos
 Extravasam com as penas
como fossem canivetes
E tu não terás como fugir
Serás como as vítimas de Jack
Estarás para sempre marcada
com um poema de amor
e seja lá como for
tu jamais te esquecerá...

quinta-feira, 12 de março de 2009

FENIX


Mais que resistente, renitente,
descubro-me “resiliente”.
Em verdade, não resisto...
Eu morro mas renasço
Não sei se igual mas parecida
continuadamente
Cometendo por vezes os mesmos erros
Morro e das cinzas me refaço
Quente e fria persistente
Uma “fênix” vadia...

quarta-feira, 11 de março de 2009

Poesia e melodia


Poema e música
às vezes não combinam
Não se acerta a métrica
Não se encontra a rima
Não conseguem tornar-se canção.
Caminha só o poema...
Resta triste a melodia...
Que ainda assim
existe e resiste sem poesia
altiva e forte
emocionante e bela...
que desprezada pela poesia
Ainda soa MÚSICA
que não precisa dela!

Aos meu amigos músicos instumentais

domingo, 8 de março de 2009

Palavrório

 
Gosto mesmo de juntar palavras
Podem ser complexas
Formar frases desconexas
Brinco de semântica
Química e física quântica
Exercício lúdico
Sensações térmicas
Alegram-me se são orgânicas
 assimétricas
Emocionam quando poéticas
Iludem-me as monogâmicas
Irritam-me quando são lógicas
matemáticas
 dialéticas
Abastecem-me quando são “música”
Mesmo não sendo práticas
Quero mesmo brincar de mágica
Com proparoxítonas ecléticas
góticas e cítricas
Ignoro as pragmáticas
Pouco importa se são éticas
Gosto quando são táticas
estratégicas
Entristecem-me quando são trágicas
Enojam-me quando são sórdidas.

sexta-feira, 6 de março de 2009

Loas ao cafezinho

Adoro café! Desculpem-me o entusiasmo e impetuosidade, mas é uma paixão ardente, e pra rimar e confirmar, gosto de café quente, bem quente. Gosto de café de todos os jeitos: puro, com leite, com chocolate, com ou sem canela, cappuccino, com sorvete, chantilly, os expressos... Gosto especialmente dos cafezinhos caseiros, que quando faço, perfumam todos os cantos da casa com um aroma irresistivelmente sedutor. Bem forte! Aprecio observar o borbulhar da água fervente cozinhando o tanto de pó, filtrando delicadamente no coador e produzindo aquela “fumacinha” cheirosa que nutre mais a alma e desenha devaneios no ar. Das refeições, a que mais gosto é a hora do café. Aprecio o colorido do café da manhã, com frutas, pães e o imperdível café preto, mas nada se compara ao cafezinho da tarde. Aquela infusão reconfortante, sorvida por vezes com um bom bolo caseiro, um pedaço de queijo, um pãozinho quentinho e crocante... Pode até ser só o cafezinho puro, para ser delibado como o melhor vinho. É bom também... Muito bom! Se existe um ritual a ser delongado é o do café-da-tarde. Sou fã de carteirinha de cafeterias que hoje em dia proliferam em shoppings e bairros pitorescos. Soube que a primeira casa de café foi aberta em Meca, quem diria! Era final do século XV e início do XVI. Parece que os primeiros locais eram originalmente lugar de reuniões religiosas, com amplos saguões onde os clientes se sentavam em esteiras de palha ou colchões sobre o chão. Depois que passaram a servir café, o local tornou-se praticamente um centro cultural. Essas primeiras “Cafeterias” do mundo tornaram-se rapidamente centros de música, dança, jogos de xadrez, gamão, e locais em que se faziam negócios. O café tem esse poder. De agregar pessoas, propiciar uma boa prosa e inspirar as artes. Por isso o brasileiro tomou para si a incumbência de produzi-lo. O povo brasileiro combina com café, combina com prosa e é artista até em sobrevivência. Ressalte-se que nossa introdução ao “mundo cafezístico” não foi de toda digna, como em vários outros assuntos que aqui não cabe discutir... Só tínhamos de propício o nosso solo, o que foi percebido pelos portugueses, mas não possuíamos nem plantas nem grãos, o que o governo do Brasil resolveu, enviando às Guianas Francesas, numa missão oficial e outra "paralela" (conseguir sementes de café), um jovem oficial paraense chamado Francisco de Melo Palheta. O Chico Palheta, não conseguindo cumprir sua missão secreta de forma proba, apelou para o “jeitinho brasileiro”. Seduziu a mulher do governador das Guianas, recebendo dela na despedida um ramo de flores onde encontravam escondidas as sementes da preciosa planta. Missão cumprida! O café chegou ao Brasil por amor, não é lindo gente? Sem me estender mais, pois estou louca para tomar um café, saliento que as mais charmosas cafeterias situam-se no interior das livrarias. Que delicia de combinação! Café com livros. Café, livros e amigos é melhor ainda. Te pago um cafezinho!

quarta-feira, 4 de março de 2009

Caprichoso

Já escrevi histórias sobre músicos. Gosto de brincar de “contar história” como os antigos da tribo, em volta das fogueiras nas grandes clareiras das florestas; ou como os velhos em suas cadeiras de balanço na varanda de suas casinhas caipiras caiadas de tabatinga.
Voltando aos músicos, tenho lá certa conivência com eles, talvez por fatores genéticos. Meu avô paterno, Henrique Maziero, era músico.
É sobre ele a história que vou contar. Segundo narrava meu saudoso pai, vovô era um gênio musical. Informações suspeitas, visto que meu pai era seu fã mais ardoroso.
Vô Henrique, que não tive a graça de conhecer, era saxofonista, clarinetista e requintista (tenho dúvidas ser este o nome correto para quem toca requinta, que é um instrumento de sopro primo-irmão do clarinete).
Era - segundo papai - talentoso executante, arranjador e compositor de choros e valsas que ficaram famosos na época, mas que por necessidade foram vendidos no Rio de Janeiro para outros “compositores”... Lenda?
Meu pai elogiava também as partituras escritas pelo meu avô: - Parecia impressa ou feita com régua e “bolômetro”, tal o capricho!
Caprichoso ou não nas partituras, parece que meu avô paterno esmerava também na vida. Era membro da Banda de uma pequena cidade do interior de São Paulo (Piquete) encravada na Mantiqueira, “boquinha pra Minas”. Pertencia também à “Jazz Band” da Fábrica de pólvora da cidade e, sem trocadilhos, explodiam na época as “Big Bands” norte-americanas.
Vovô, segundo soube, só não era muito disciplinado. Mestre em faltar ensaios ou chegar atrasado. - Mesmo sem ensaiar, tocava de prima, leitura impecável! Informações obviamente paternas.
Mas, se meu avô era impontual no serviço, primava pela assiduidade em casa. A maior prova disto está na quantidade de filhos! Fez um montão. Nove ao todo, só com minha avó... No contrabando não se têm informações.
Tão “vidrado” em música que, exceto meu pai, um tio e uma tia (três em nove), os filhos receberam de “presente” nomes de músicos ou maestros italianos: Rossini, Tosquini, Belini, Paganini, Toscanini e a caçula, recebeu, numa singela homenagem ou pedido de socorro, o nome da Santa Padroeira dos músicos, Cecília.
Não me consta que algum “desses virtuoses” tios tocasse sequer um pandeirinho, para desapontamento de meu avô.
Assim, claro, com tantas bocas para alimentar, não pode seguir carreira na capital. O negócio era extravasar o talento por ali mesmo.
Numa noite de boemia, encontrava-se num restaurante localizado num posto de gasolina na entrada da cidade, caminho para as Gerais, quando “pintou no pedaço” o já famoso Waldir de Azevedo com seu grupo de chorinho.
Iam jantar antes de galgar a serra para uma turnê no sul mineiro. Evidente que logo se “enturmaram”, coisa comum entre músicos. Papo vai, papo vem, e lá foi meu avô buscar o saxofone em casa: - Vou dar uma palhinha com os moços lá da capital, mas volto logo! – Justificou para a crédula e inocente vovó.
Para encurtar a história, voltou quinze dias mais tarde e um pouco mais magro, barba por fazer e feliz da vida.
Única explicação em casa e no serviço:
- Tava uma chuvarada lá em Minas!
Caprichou!

terça-feira, 3 de março de 2009

A cabana


Caminhando na noite o poeta se orienta
Na penumbra do luar a linguagem se alimenta
Não teme o escuro não tem medo de nada
Atravessa impune batalhas insanas
 de solidão rancor e de saudade
O objetivo é alcançar logo a cabana
Onde fica o lar doce do poema
Chega feliz e agradece a cena
Aninhado em seu particular nirvana
e escreve...
escreve...
e escreve...

Filha do dia


Eu sou filha do dia
Nasci quando amanhecia
Quando o sol já despontava
Uma banda não tão longe
tocava na alvorada
Na "cidade paisagem"
ao pé da Mantiqueira
Sou filha do céu azul
das manhãs de primavera
Desvendo os segredos
que o dia simula não ter
Gosto e caminho na noite
Mas dela sou só visitante
Não faço parte integrante
desse mundo de escuridão
Não tenho medo do escuro
Mas me embeveço com a luz
dos dias quando amanhece
Tenho os pontos cardeais
cravados no horizonte
E claros na minha fronte
Não me perco facilmente
Na noite é que eu me confundo
com as luzes embusteiras
Pois ainda não aprendi
a ouvir ou ler estrelas...

Muito prazer!

Me chamo Rossana.
Sou bisneta de italianos, por isso o "s" a mais.
Sou mulher e infinita em buscas e compreensão.
Gosto de escrever poemas e de "prosear". Também gosto de ler, falar e ouvir. Aprecio o novo e o antigo. Jamais o velho. Amo as artes e a história e gosto de conhecer e reencontrar o passado, mas vivo o presente conforme se apresenta. Tenho sonhos para o futuro mas não me iludo, contudo.
Solidarizo-me com as mulheres de todas as raças, idades e credos, assim como com as crianças e com os homens de bem. Compadeço-me do planeta e de suas tragédias múltiplas e particulares. Amo pessoas e animais. Também minerais e vegetais. Amo o fogo, a água e principalmente o ar. Elementos... Forças da natureza. Gosto de força e beleza. Chuva... Rios... Mar...
Amos poemas e crônicas. Livros e filmes.
Amo os dias ensolarados e as tempestades escuras.
Busco ser "cosmocentrica" em vez de "egocentrica".
Difícil sair de si mesma.
Todo dia tento um pouco...
Avanço, recuo e devagar vou seguindo.